Fragmentos de âmbar confirmam que a Antártida já foi coberta por árvores
Uma equipe de cientistas encontrou fragmentos de âmbar na Antártida, o que confirma que o continente gelado já foi coberto por árvores há 90 milhões de anos. Nesse pedaço de resina fossilizada, os pesquisadores identificaram vestígios microscópicos de uma antiga floresta tropical que existia na região durante a era dos dinossauros. Um estudo sobre a descoberta foi publicado na revista Antarctic Science.
Vestígios de árvores
As análises revelaram fragmentos minúsculos, com cerca de um milímetro de diâmetro, mas de alta qualidade e bem preservados, possivelmente contendo vestígios de cascas de árvores. Os fragmentos sugerem um clima temperado na região durante o período Cretáceo. Naquela época, o continente fazia parte de Gondwana, um supercontinente que incluía a América do Sul, África, Austrália e Índia. Nesse ecossistema, a paisagem antártica era dominada por coníferas e samambaias, com florestas semelhantes às atuais da Nova Zelândia.
Esse clima quente permitia a existência de uma vegetação densa na Antártida, com árvores secretando resina que posteriormente se transformava em âmbar. A descoberta permite reconstruir a paisagem de um continente onde os ecossistemas eram ricos e complexos, bem diferentes dos atuais, e está diretamente relacionada às mudanças climáticas contemporâneas.
"Foi muito empolgante perceber que, em algum momento de sua história, todos os sete continentes tiveram condições climáticas que permitiam a sobrevivência de árvores produtoras de resina. Nosso objetivo agora é aprender mais sobre o ecossistema da floresta – se ela queimou, se podemos encontrar vestígios de vida incluídos no âmbar. Essa descoberta permite uma jornada ao passado de uma forma ainda mais direta", disse Johann P. Klages, pesquisador do Instituto Alfred Wegener e líder do estudo.
O âmbar é uma resina fossilizada que pode preservar organismos minúsculos, como insetos e restos de plantas, o que é inestimável para compreender a vida antiga. Esse material, de cores variadas, endurece com o tempo e fornece informações sobre as condições ecológicas da época em que se formou, sendo de grande valor científico.